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Direito Trabalhista

Pedido de demissão: conheça os seus direitos e deveres

Pedir demissão é uma decisão importante na vida profissional de qualquer trabalhador. Seja por uma nova oportunidade, insatisfação com o emprego atual ou mudança de carreira, é fundamental entender o que a lei prevê nesse momento. Muitos trabalhadores não sabem exatamente quais são seus direitos e deveres ao solicitar o desligamento voluntário da empresa — e acabam sendo prejudicados por falta de informação.

Neste artigo, explicamos de forma simples e direta o que você precisa saber ao pedir demissão: como funciona o processo, o que a empresa pode ou não exigir, o que você recebe, o que perde e como se proteger juridicamente.

O que é o pedido de demissão?

O pedido de demissão é quando o empregado manifesta a vontade de encerrar o contrato de trabalho. Ao contrário da dispensa sem justa causa (quando a iniciativa parte do empregador), nesse caso o fim do vínculo é decidido pelo próprio trabalhador.

A legislação que regula esse processo está principalmente na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). E embora a lei não exija um modelo formal para o pedido, é essencial que ele seja feito por escrito, assinado e datado, para evitar problemas futuros.

Como fazer o pedido de demissão?

O ideal é que o pedido seja feito de forma clara, por meio de um documento escrito, entregue ao setor de Recursos Humanos ou diretamente ao superior responsável. O trabalhador pode optar por:

  • Entregar pessoalmente uma carta de demissão assinada;
  • Enviar o pedido por e-mail corporativo (em algumas empresas, isso é suficiente);
  • Preencher um formulário padrão fornecido pela empresa, quando for o caso.

O documento deve conter:

  • Nome completo do trabalhador;
  • Cargo exercido;
  • Data do pedido;
  • Declaração de que deseja se desligar do cargo;
  • Assinatura.

Aviso prévio: cumprir ou não?

Ao pedir demissão, o trabalhador tem o dever de cumprir o aviso prévio de 30 dias, conforme o artigo 487 da CLT. Isso permite que a empresa se organize e busque um substituto.

Porém, existem três possibilidades:

  1. Cumprir o aviso prévio: o trabalhador permanece mais 30 dias trabalhando normalmente. Ao final, recebe o salário correspondente a esse período.
  2. Pedir dispensa do aviso: o trabalhador pode solicitar à empresa que o libere do aviso prévio. A empresa pode aceitar ou não. Se aceitar, o trabalhador sai imediatamente, sem receber os 30 dias, mas também sem desconto no salário.
  3. Não cumprir o aviso e sair imediatamente: a empresa pode descontar o valor correspondente a 30 dias de salário das verbas rescisórias.

Dica: Sempre negocie o aviso com bom senso. Um acordo evita desgastes e facilita a saída amigável.

Quais são os seus direitos ao pedir demissão?

Ao se desligar voluntariamente, o trabalhador mantém alguns direitos, mas perde outros em relação a quem é dispensado sem justa causa. Veja o que você tem direito a receber:

Saldo de salário
O trabalhador recebe os dias trabalhados no mês da demissão, proporcionalmente.

Férias vencidas + 1/3 constitucional
Se tiver férias acumuladas (referentes a períodos anteriores não gozados), tem direito ao pagamento integral com acréscimo de 1/3 sobre o valor.

Férias proporcionais + 1/3
Mesmo sem férias vencidas, o trabalhador recebe férias proporcionais ao tempo de trabalho desde o último período aquisitivo.

13º salário proporcional
O valor é calculado com base nos meses trabalhados até a data do desligamento.

FGTS depositado (sem saque)
O empregador continua obrigado a depositar o FGTS referente ao período trabalhado, incluindo o mês da demissão. Porém, o trabalhador não pode sacar esse valor ao pedir demissão.

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O que você perde ao pedir demissão?

Ao contrário da demissão sem justa causa, o pedido de demissão não dá acesso a alguns benefícios. Veja o que você perde:

Multa de 40% sobre o FGTS
Essa multa é exclusiva para demissões sem justa causa. Ao pedir demissão, ela não é devida.

Saque do FGTS
O saldo do FGTS permanece na conta vinculada, mas não pode ser sacado, exceto em situações especiais previstas em lei (como compra da casa própria, aposentadoria ou doenças graves).

Seguro-desemprego
O trabalhador que pede demissão não tem direito ao seguro-desemprego, pois se desligou voluntariamente.

Pedido de demissão com menos de 1 ano de empresa

Se o trabalhador ainda não completou um ano na empresa, não há direito a férias vencidas, apenas proporcionais. Além disso, não é necessária a homologação do pedido de demissão em sindicato ou no Ministério do Trabalho — exigência que existia anteriormente, mas foi extinta com a Reforma Trabalhista de 2017.

Pedido de demissão durante o contrato de experiência

Se o trabalhador está em contrato de experiência e decide sair antes do término:

  • Pode haver multa rescisória, dependendo da cláusula do contrato;
  • Em geral, perde os mesmos direitos de quem pede demissão (sem FGTS, sem seguro-desemprego);
  • Deve consultar o contrato para saber se há penalidades específicas.

Posso pedir demissão estando de férias, doente ou gestante?

  • Durante as férias: é possível, mas o mais comum é que o pedido seja feito no retorno. O ideal é consultar o RH para entender os procedimentos internos.
  • Durante afastamento por doença: o trabalhador pode pedir demissão, mas é recomendável cautela. Se o afastamento estiver vinculado a auxílio-doença pelo INSS, é importante ter orientação médica e jurídica.
  • Durante a gestação: é permitido, mas deve ser feito com muita atenção. Gestantes têm estabilidade no emprego, e ao pedir demissão, é necessário formalizar a renúncia expressa desse direito — preferencialmente com assistência sindical ou homologação judicial, para garantir a legalidade.

Dica: faça um pedido de demissão consciente

Antes de pedir demissão, avalie:

  • Seus motivos reais para sair;
  • O impacto financeiro da decisão (sem seguro e sem saque do FGTS);
  • Se há outra oportunidade já confirmada;
  • O que está disposto em contrato (principalmente se for de experiência ou cargo de confiança).

Pedir demissão é um direito seu, mas é uma escolha que deve ser feita com responsabilidade e informação.

Pedir demissão é uma decisão legítima do trabalhador, mas envolve deveres legais e consequências práticas. Ao entender os seus direitos e obrigações nesse processo, você garante uma saída tranquila, evita prejuízos e mantém sua reputação profissional.

Sempre que possível, converse com o RH da empresa e, em casos de dúvida ou conflito, procure orientação jurídica. Um pedido mal formulado ou feito sem estratégia pode custar caro.

Se precisar de ajuda para analisar seu contrato ou calcular suas verbas rescisórias, nosso escritório está à disposição para oferecer suporte jurídico completo.

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